terça-feira, 19 de maio de 2009

Profundo Corte - Comentário de Norman Hauschild




Luzes se apagam. E a plateia não sabe o que fazer. Se aplaude ou se espera. Fim do espetáculo? Acabamos aplaudindomesmo sem entender ao certo o que terminamos de ver e sentir. Muita informação. Muita abstração. Pensamentos livres, voam. Impossível não sermos profundamente tocados, feridos.Todos ainda atordoados. Vida. Morte. Seres descrentes, faces perdidas pelo cenário. Buscando o quê? Olhares penetrantes, intrigantes, que nos desnudam. Futuro. Passado. Presente. Física. Química. Linguagem.Quem sabe? Espetáculo chocante. Denso. E que cenário! Carcaças de carros, refigerador, rampa, roda, imagens, plateia, vozes, inglês, alemão, faca, tragédia, corpos, almas... Nós, atônitos, sendo chamados para o palco, sendo puxados por uma grande roda, grande ímã, cuja energia crescia ao subir a grande montanha e ao cair devolvia sua energia acumulada. Energia potencial. De uma certa forma, parte de nossa energia se foi com ela, para um grande buraco desconhecido. Esta peça tem que seguir adiante, pelo estado afora, pelo Brasil afora. Muita gente tem que assití-la neste ano. Discutida. Interpretada. Digerida. Bebida. Terminar no meio universitário, no Salão de Atos da UFRGS, no portinho. Se este profundo Corte ainda vai cicatrizar um dia não se sabe...

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