quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um corte curado

Pela minha vista, ora do lado esquerdo, ora do lado direito, mas sempre de frente, pude olhar o “Corte” como um corte suturado. As cenas mostravam corte, mas tive sensação de resolvido. Já tinham cortado, e vi a cicatriz. Corte suturado é a união de coisas que foram separadas e agora se encaixam por meio de recorte dentado. Coseram, sintetizaram.
Corte é masculino. Sutura é feminino. Vi a junção.
Corte é um caminho que a faca faz, ou a tesoura faz, papel às vezes também é corte, pedra quando em movimento também, aliás as mudanças que a pedra faz quando começa a se mexer, muda a geografia! Fechar os olhos também, não muda a geografia, mas muda a realidade e a história... mas tinha outras coisas: lembranças, infância, fé, eu vi fé nos olhares, assim, querendo construir tudo novo de novo e de novo.
Um espetáculo residual. Instrumento afiado, mas ao mesmo tempo reconstrutor, costurado, cicatrizado e curado. Não há marcas sem corte.
Aniuska Van Helden, jornalista

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